Redação | Linha 8 |
Às vezes a arte se encontra encurralada, sem saídas visíveis. Nesse momento sufocante o impulso criativo e até desesperado exige e obriga que o artista vire de ponta cabeça para criar novas rotas de fuga. Foi o que o Cha Alberto e o seu espírito andarilho fizeram.
Em 2020 Andarilho Cha começou a imersão em suas novas produções. Não imaginava que o mergulho seria tão profundo. Em março de 2021 foi levado – como o mundo inteiro – a readaptar suas ideias, sua rotina e sua arte. Uma pandemia chegava sem pedir licença. Alterou nosso cotidiano e deixou o ambiente pesado com seu rasto de morte e incertezas. No Brasil, o governo que hoje é investigado justamente por seu comportamento durante esse período, não transmitia sinais de segurança, nem de respeito a vida, mas ao contrário: criava tumulto, negacionismo, violência e mentiras.
É desse ambiente sufocante que saiu o novo EP: “Sem ar, mas com ideias”. O duplo sentido da frase já adianta uma outra característica das músicas que formam esse trabalho: os vários e alargados sentidos do Funk, da música brasileira, da cultura periférica e do teatro. Tudo foi transformado em fôlego de resistência, criatividade e diálogo com a história e a estética negras.
Em 2021, o Linha 8 fez sua primeira entrevista com Andarilho, em plena pandemia. Nessa ocasião, ele nos contou sobre o processo de produção do atual lançamento. Você pode conferir essa entrevista aqui.
Da pandemia criativa do Andarilho brotou o que ele chama de ‘pós funk’. E o que é isso? É como levar o funk para dar um passeio, experimentando novas batidas e sensações. É a afirmação da sua influência e a abertura para fusões. É um caminho para além dos rótulos comerciais e que não se contenta com um gueto estéril.
Em conversa exclusiva com o Linha 8, o artista nos revela que se aprofundou na história de James Brown, o pai do Funk estadunidense e na trajetória das diversas vertentes do Funk Brasileiro. Nos dois casos, seja nos EUA dos anos 60 ou no Brasil de 2020, a música enfrentou os preconceitos e rejeições das duas sociedades conservadoras e dominadas por padrões brancos e elitistas.
Não importa o tempo, o espaço ou a sonoridade. A produção cultural negra sempre enfrenta as barreiras do racismo, mas as vence usando a rebeldia de seus corpos que se espraia, se impõe e se estabelece. Seja samba, jazz, rap ou funk.
A inspiração musical de Cha também não respeita limites: além de Brown, temos os cariocas do ‘Crizin da Z.O’, a cantora Tulipa Ruiz, Caetano Veloso, além da companhia permanente da música de Itamar Assunção.
Os Arquitetos Sonoros são os músicos que seguem com o Andarilho em suas aventuras musicais. A banda também nasceu na pandemia e se mantém em sintonia com a proposta cênica. Todos seus componentes são negros. Arquitetura sonora aqui, parte da ideia que o som está em permanente construção assim como Cha, que está em movimento constante.
O pré-lançamento aconteceu no final de outubro no Centro Cultural da Diversidade. O show seguinte foi na casa Picles em Pinheiros, para privilégio do público que pode conhecer ao vivo o EP, “Sem ar, mas com ideias”. Agora continua a caminhada andarilha de apresentações e divulgação.
Aqui você pode escutar as cinco músicas do novo trabalho do Andarilho Cha com os Arquitetos Sonoros. Escute e divulgue.
Agenda de Apresentações
18 de novembro, sábado | Espaço Parlapatões, Praça Roosevelt | 21h.
Lançamento do clipe “Manda esses feio sair do camarote”.
Show + pocket | Andarilho + Arquitetos Sonoros e convidados.
Produzido por Casa Marighella, que já trabalhou com Luedji Luna entre outros artistas.
26 de Novembro, domingo | Projeto Sons do Vale | Novo Vale do Anhangabaú | 17h.
Show no centro nevrálgico da capital paulistana.
29 de Novembro, Quarta Feira | Andarilho Cha e os Arquitetos Sonoros | 19h
Música em Rede – ao vivo. Redoma Bixiga.
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